TCE-CE: Seletividade de instrução e julgamento dos processos de prestação de contas de gestão

TCE-CE: Seletividade de instrução e julgamento dos processos de prestação de contas de gestão

1. IDENTIFICAÇÃO

a. Tribunal de Contas 
Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE) 

b. Endereço 
Rua Sena Madureira, 1.047, Centro, 60055-080, Fortaleza/CE 

c. Presidente 
José Valdomiro Távora de Castro Júnior 

d. Unidade responsável pela prática, fone, e-mail 
Secretaria de Controle Externo por meio da Secretaria Executiva de Fiscalização,  
(85) 3488-5940, secex@tce.ce.gov.br  

e. Membro ou servidor responsável pela apresentação da prática, fone, e-mail 
Carlos Alberto de Miranda Nascimento, (85) 3488-5925, carlos.nascimento@tce.ce.gov.br  

2. SOBRE A BOA PRÁTICA

a. Título da prática 
Seletividade de instrução e julgamento dos processos de prestação de contas de gestão dos administradores e demais responsáveis por órgãos e entidades pertencentes à administração pública dos municípios e do estado do Ceará 

b. Indicador do MMD-TC a que se vincula 
QATC-05 – Agilidade no julgamento e controle de prazos de processos 

c. Descrição 

i. Objetivo 
Regulamentar os procedimentos para selecionar, instruir e julgar os processos de prestação de contas de gestão dos administradores e demais responsáveis por órgãos e entidades pertencentes à administração pública dos municípios e do estado do Ceará, nos termos da Lei n.º 12.509, de 6 de dezembro de 1995. O projeto alinha-se ao objetivo estratégico que pretende aperfeiçoar os métodos de análise e promover a tempestividade, a seletividade e a qualidade nos processos de controle externo. 

ii. Metodologia adotada 
Foram estabelecidos critérios para a seleção de unidades jurisdicionais cujas prestações de contas anuais devem ser julgadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE). Foram utilizados conceitos e parâmetros relacionados a materialidade, relevância, risco, alternância, sorteio e capacidade operacional das unidades técnicas para subsidiar a elaboração de uma matriz de risco para cada exercício fiscal. A referida matriz otimiza a escolha com base em dados recebidos pelos sistemas SIM, S2GPR, SAP, e-Contas e quaisquer outras fontes de informações internas e/ou externas. Tais dados servem para organizar as unidades orçamentárias em grupos, observando-se a condição de que pelo menos uma unidade de cada município seja selecionada e os entes de orçamento relevantes sejam sempre incluídos. Considera-se também a existência de indícios de má gestão dos recursos públicos por meio do histórico dos gestores responsáveis (vulnerabilidade). Além disso, após a escolha, todos os processos selecionados são, obrigatoriamente, incluídos no Plano Anual de Trabalho (PAT), assegurando, assim, um compromisso com a sua instrução. 

iii. Tecnologias empregadas, como softwares, “robôs”, acessos móveis, inteligência artificial, scanner de pavimento etc. 
Não se aplica, utilizou-se apenas planilha eletrônica. 

iv. Tempo da prática no tribunal 
Um ano e seis meses. 

v. Houve compartilhamento com outros TCs? Quais?  
Não houve compartilhamento. 

3. SOBRE O DESENVOLVIMENTO, A IMPLANTAÇÃO E A IMPLEMENTAÇÃO

a. Pessoas e setores envolvidos no desenvolvimento 
Participaram dessa etapa as equipes da Secretaria Executiva de Fiscalização e da Assessoria de Informações Estratégicas e Operações Especiais, unidades técnicas da Secretaria de Controle Externo, que contaram, à época, com cinco pessoas no total para pensar sobre o assunto. 

b. Pessoas envolvidas na implantação e na implementação 
Para implantar a solução, necessitou-se da aprovação da Resolução Administrativa pelos conselheiros – sete titulares, que contam com cerca de 10 assessores – e, para implementá-la, das instruções processuais elaboradas por quatro Diretorias de Contas de Gestão, unidades técnicas da Secretaria de Controle Externo, que contam com cerca de 15 pessoas cada, totalizando 60 pessoas, e estão se dedicando quase que exclusivamente a analisar as prestações de contas de gestão selecionadas e referentes aos exercícios de 2017 a 2022. 

c. Conhecimentos necessários 
Necessitou-se compreender a estrutura administrativa dos municípios e do estado do Ceará, bem como o regramento estabelecido para que os administradores públicos apresentassem as contas ao tribunal, além dos conceitos do princípio de Pareto e análise de custo-benefício. 

d. Passos executados para o desenvolvimento, a implantação e a implementação 
Inicialmente, verificou-se a quantidade de processos que se encontravam no tribunal a partir de 2017, exercício cujas análises ainda não tinham sido realizadas no momento do estudo. Posteriormente, comparou-se a estrutura administrativa dos entes jurisdicionados com a quantidade de processos autuados na instituição. Após, identificou-se a existência de prestações de contas parciais que ocasionaram um número de processos superior ao número de unidades gestoras da estrutura administrativa dos municípios e do estado do Ceará. Ante o diagnóstico, todos os processos foram agrupados até que estivessem em um único processo todos os autuados e até que, somados, totalizassem os períodos referentes a determinado exercício. Depois do agrupamento, comparou-se a quantidade de processos com o orçamento de cada unidade gestora, a fim de otimizar a análise seguindo os princípios de Pareto, conceito que preconiza que 80% dos efeitos de um fenômeno concentram-se em 20% das causas. Neste ínterim, escolheu-se a quantidade de processos que seriam analisados para cada exercício em questão. 

e. Tempo para o desenvolvimento, a implantação e a implementação 
Tendo em vista que as equipes não estiveram com tarefas exclusivas para esse projeto, destaca-se que o tempo para o desenvolvimento, a implantação e a implementação, eventualmente, poderia ter sido menor. Registrada essa limitação, informa-se que foram necessários cerca de seis meses para desenvolver a solução, dois meses para implantá-la (tramitação e discussão do normativo) e dois anos parar implementá-la, considerando-se a aplicação nas contas de gestão referentes aos exercícios de 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022. 

f. Custo para o desenvolvimento, a implantação e a implementação 
Remuneração média de cerca de 75 servidores durante dois anos. 

g. Problemas enfrentados para o desenvolvimento, a implantação e a implementação 
Durante o desenvolvimento da solução, identificou-se a falta de dados estruturados e de informações detalhadas o suficiente para as análises, além da ausência de padrão para a entrega da documentação referente às prestações de contas das unidades gestoras jurisdicionadas. Além disso, durante a implantação, as discussões entre os conselheiros nem sempre foram unânimes quanto à adoção da solução proposta, haja vista o entendimento de parte do colegiado sobre a necessidade constitucional de analisar todas as contas entregues aos tribunais de contas. Por fim, quando da implementação, a escolha de processos conforme as matrizes de risco trouxe às equipes a necessidade de sempre analisar processos com maior materialidade, relevância e, consequentemente, maior complexidade.  

h. Pontos críticos x soluções 
Em relação à ausência de dados estruturados e de padrão de entrega da documentação necessária à prestação de contas de gestão dos administradores públicos, foram providenciados estudo e normativo a fim de estipular padrão mais estruturado de entrega de informações ao TCE-CE, o que não evitou, durante o desenvolvimento da solução, procedimentos manuais para diagnosticar a real situação dos processos. Quanto à exigência de analisar todas as prestações de contas de gestão, foram realizadas apresentações demonstrando que, mesmo que houvesse a seleção de processos, com cerca de um terço da quantidade, era possível analisar entre 70% e 90% do orçamento total dos jurisdicionados, a depender do efetivo de pessoas disponibilizado para as referidas instruções processuais. E, sobre a resistência em instruir processos com um novo escopo e maior complexidade, conscientizou-se o corpo gerencial e técnico sobre a transitoriedade da situação e a necessidade de se reinventar para realizar tarefas de relevo e impacto, único caminho para legitimar a existência e a importância da instituição. 

4. MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS

a. Resultados esperados 
Racionalizar as ações de controle, reduzir os estoques de processos, melhorar a qualidade das instruções e aumentar a tempestividade das decisões do tribunal e, consequentemente, dos julgamentos das contas. 

b. Resultados alcançados 
Redução dos estoques, possibilidade de melhorar a qualidade das instruções (diante da viabilidade de alterar o escopo de análise e aprofundar as análises em processos relevantes) e julgamento de contas de gestão selecionadas em intervalo cada vez menor de tempo frente à situação anterior existente. 

c. Lições aprendidas 
Para melhorar o escopo de análise de prestações de contas de gestão, há que se aprimorar as informações disponíveis ao tribunal, a fim de que a atuação da instituição seja cada vez mais pautada por critérios objetivos, que possibilitem a elaboração de matrizes de risco assertivas, subsídio primordial para direcionar esforços técnicos em uma atuação relevante, tempestiva, efetiva e de qualidade. 

5. RECOMENDAÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO POR OUTROS TRIBUNAIS

a. Identificar a necessidade de se aplicar a metodologia para o estoque de processos. Somente a partir de um exercício cujas contas ainda serão entregues será possível aumentar ou diminuir o esforço para a implementação. 

b. Conceituar o que é “unidade prestadora de contas”. 

c. Estruturar dados referentes às estruturas administrativas dos entes jurisdicionados e aos orçamentos fiscalizados, bem como padronizar os procedimentos para recepcionar e analisar as informações que deverão compor as contas das unidades gestoras que terão obrigação de prestar contas. 

d. Realizar ações relacionadas à gestão da mudança, visto que a cultura existente na instituição poderá gerar questionamentos sobre a viabilidade de escolher as contas de gestão que serão julgadas, solução distinta da obrigação de analisar toda a documentação que é entregue ao tribunal de contas. 

6. OUTRAS INFORMAÇÕES

a. Links de acesso a publicações, notícias etc.

 

17 de junho de 2023, Fortaleza/CE. 

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